quinta-feira, 9 de julho de 2009

Pe. Abílio Lourenço



Pe. Abílio Lourenço
22.05.1922 - 02.07.2009


Ao fim da tarde do dia 2 de Julho, faleceu na Casa Sacerdotal do Patriarcado, com 87 anos de idade, o Padre Abílio Lourenço, membro do Presbitério do Patriarcado de Lisboa.

Nascido em Cardigos, Mação, Portalegre, estudou nos seminários do Patriarcado tendo sido ordenado presbítero no dia 6 de Julho de 1947. Foi pároco, sucessivamente, nas paróquias de Colares, S. Pedro, Santa Maria e S. Miguel, S. Martinho, todas de Sintra, Rio de Mouro, Santa Maria dos Olivais, Santos-O-Velho e S. Julião da Barra. Desempenhou ainda funções de assistente da Colónia Agrícola de Sintra, capelão do Lar Académico Militar e vigário da Vara de Sintra.

As exéquias foram celebradas na igreja paroquial de São Sebastião da Pedreira, em Lisboa, no dia 3 de Julho, às 14h30. Presidiu à cerimónia o Senhor Cardeal Patriarca, seguindo-se o funeral para Cardigos.

O Pe. Abílio foi o primeiro prior de São Julião da Barra e a ele devemos a construcção da actual igreja paroquial.





TESTEMUNHOS


José Braga

O Meu Testemuho

Conheci o Sr Padre Abílio logo que veio dar assistênca sacerdotal a esta, então pequena, comunidade, que fazia parte da Paróquia de S. Amaro de Oeiras.

Assisti à construção do novo Templo e à formação da Nova Paróquia de S. Julião e Santa Bárbara a que o Sr. Padre Abílio deu todo o Seu empenho; contudo, porque era demasiado modesto, não acreditando no seu valor, sofria terrivelmente enquanto não ia a obra concluída e devdamente paga. Chegar ao fim da obra sem ter todo o dinhero para a poder pagar era um dos pontos mais dolorosos para si. A obra foi concluída ficando logo paga e sobrando uma importâcia com algum significado.

Pouco tempo depois da construção do Templo e da formação da Paróquia eu passei à situação de reformado e foram muitas e frequentes as acasiões em que, no seu gabinete, conversávamos sobre a nossas vidas, a nossas preocupações, sempre numa linha de procura de DEUS, para nós e para os outros que precisam do nosso testemunho.

O Sr. Padre Abílio sempre lamentava por verificar que muitos dos vários jovens que por ele passaram, alguns tendo sido acólitos, tivessem-se desmotivado ao ponto de nunca mais serem vistos na Igreja. E sofria, porque achava ter sido ele o responável e por isso desejava a vinda de um Pároco, novo de idade para fazer tudo aquilo que ele achava já não ser capaz.

No último ano em que o Sr. Padre Abílio esteve como nosso Pároco levei-o a visitar aquela que foi a Sua primeira Paróquia - Colares e Almoçageme - e tive a oportunidade de constatar como ele anda era tão bem lembrado e estimado depois de mais de quarenta anos passados.


Maria João e Francisco Boléo Tomé:

O nosso Primeiro Pároco
Pe. Abílio Lourenço


Poucos dias após a notícia do seu falecimento, sentimo-nos impelidos a um esforço de síntese sobre a pessoa e o sacerdote, como se quiséssemos “agarrar” a sua imagem e fixá-la para sempre na nossa memória.

Remontamos aos anos oitenta, época em que o Sr. Padre Abílio veio para S. Julião da Barra, para dar início à Pré-Paróquia. Época conturbada, muito próxima ainda do Vaticano II, nem sempre bem entendido e, a primeira observação que fazemos, é que, a sua forma de estar e de actuar, se encaixa perfeitamente à luz da Lúmen Gentium (II-30) “para levarem a cabo o trabalho de santificação, procurem os párocos que a celebração do sacrifício eucarístico seja o centro e o ponto culminante de toda a comunidade cristã (….) promovam o progresso da vida cristã com piedade e zelo apostólico”.

O Senhor Padre Abílio com grande piedade, bondade, simplicidade e humildade, considerava-se sempre, aquém da sua missão (como várias vezes dizia ao seu rebanho) quer devido à idade, quer à falta de forças para o trabalho que se esperava dele.

No entanto, foi capaz de, apesar de iniciar o seu múnus na capela de Nª Senhora de Fátima do Lar Académico e no pré-fabricado dos anos setenta, que já fora a 1ª Escola Primária da Medrosa, conseguir em pouco tempo:
· Erigir a Igreja de “pedras vivas” e a de pedra e cal. Pagar esta última em tempo record;
· Ter um grupo de jovens catequistas e cantores, empenhado e activo;
· Criar um centro social paroquial com a valência de centro de dia e apoio domiciliário;
· Ver na paróquia ordenarem-se sacerdotes, assumirem vocação de vida consagrada algumas jovens o que lhe deu “a maior alegria e consolo espiritual”

Faleceu em 2 de Julho de 2009, já em plena vigência do Ano Sacerdotal.
Não pode escolher sucessor mas certamente já deu graças a Deus por termos em S. Julião da Barra o nosso Padre Nuno.

13 de Julho de 2009


Ingrid:

O sr. padre Abílio foi um sacerdote sempre disponível e gostava de se identificar com os seus paroquianos (afirmou-me várias vezes).

Era um homem culto, humilde, tímido, muito educado mas timorato. Qualquer sugestão que se lhe propusesse era chumbada, por receio.

Tinha dois amores: a Eucaristia e a catequese. As Eucaristias tinham de ser animadas por cânticos. Se não havia coro, ele própio trazia um livro de cânticos que entoava com uma bela voz. O povo seguia-o automáticamente. A igreja tinha de estar enfeitada de flores (excepto na quaresma)mas com muita sobriedade, caso contrário dizia com muita graça: "só faltam os coelhos a saltar entre os arranjos". Ouvi isto tal como a Benedita muitas vezes. Detestava o amarelo. dizia ser a cor da fome ao que contrapunhamos «a cor papal»... Virava as costas e afastava-se contrariado.

Afirmava-me sempreque nunca tinha feito nada ao que lhe retorquia: «Fez uma igreja e uma sua ministra de comunhão». Ria-se.

Tenho saudades de o ver passar da residencial militar a caminho do seu quarto. Era muito querido entre todos os militaresdo C.A.S. de Oeiras que serviu com amor e dedicação.

Como homem moderno entendia de graffitis e dizia que continham mensagens perigosas.
Indignava-se contra a sua impotência para corrigir o que estava errado.

Sr. padre Abílio continue o seu sacerdócio no céu,intercedendo pelas suas ovelhas ainda de passagem na terra. Bem haja.


Tereza Peres:

Recordo a sua imagem quando eu de manhã entrava na Igreja. Encontrava-o no seu gabinete, com o breviário nas mãos. Aflita por interromper fazia menção de sair embora a porta estivesse sempre aberta. Não deixava. Ouvia e compartilhava igualmente os seus problemas. Era profundamente humilde, delicado e humano.

Deixou a sua imagem de sacerdote dedicado nos serviços das Forças Armadas onde, até à sua ida para Lisboa, celebrou com imenso sacrifício pois mal via e tinha que pedir ajuda dos leigos até para a leitura do Evangelho. Também aí deixou muita saudade pela maneira simples com que se relacionava com os idosos.

A última vez que lhe falei foi no dia dos seus anos. Como sempre, desdobrava-se em agradecimentos, nunca se considerando digno da mais pequenina atenção.

Deixou-nos a construção da nossa Igreja mas sobretudo o testemunho de um sacerdote simples, que sabia escutar quem dele se aproximava.

Cansado e doente receava algumas das nossas iniciativas mas a verdade é que a sua pessoa marcou a vida de muitas crianças, jovens e adultos que hoje o recordam com saudade.


Odete Azevedo:

Lidei com o senhor Padre Abílio, muitos anos. Ele dizia que eu era um dos seus braços direitos. Na Eucaristia, no espaço de acção de graças, sempre queria que eu lesse um poema. Na última vez que falei com o Sr. Pe. Abílio, ele disse que sentia muitas saudades de um poema em especial, que não conseguia esquecer. Hoje na Eucaristia em homenagem ao Sr. Pe. Abílio, eu disse o poema que ele tanto gostava. Vou escreve-lo:

Atei os meus braços com a Tua lei, Senhor,
E nunca os meus braços chegaram tão alto!
Ceguei os meus olhos com a Tua luz, Senhor,
E nunca os meus olhos viram tão longe!
Só desde que Te dei a minha alma, Senhor ,
Ela é verdadeiramente minha.

Por isso hei-de subir até à vida
Despedaçando o corpo na subida.
Por isso hei-de gritar, de porta em porta,
A mentira das noites sem estrelas:
Hei-de fazer florir açucenas nos meus lábios
Hei-de apertar a mão que me castiga.
Hei-de beijar a cinza dos escombros
Hei-de esmagar a dor, hei-de esmagar a dor
E hei-de trazer, aqui, sobre os meus ombros,
A Tua cruz, Senhor.



Fatinha:

Um EXEMPLO... Foi a pessoa que me fez ver e sentir, com uns 9 ou 10 anos que Jesus era o meu melhor amigo! O padre Abílio era como um tio-avô para mim, sempre o admirei muito, estava sempre pronto para me ouvir, fosse a que horas fosse. Um grande AMIGO, sem dúvida! Até qualquer dia, já temos saudades...


Fernanda Rodrigues:

O Pe. Abílio foi sempre uma pessoa simples, dedicado inteiramente à sua missão de sacerdote. É como sacerdote e como grande amigo que o recordo com muita saudade.

Sempre disponível e pronto a ajudar todos em qualquer situação. Foi um homem bom. A ele devo muito do que sou, enquanto pessoa e como cristã empenhada no trabalho da nossa paróquia. Foram muitas horas de trabalhos, conversas e partilhas.

A Catequese era a sua grande "paixão". Já cansado dizia: "eu não posso mas façam vocês". E sempre nos apoiou. Foi um bom pastor, afinal a ele devemos a construção da nossa Igreja. Lutou muito por ela e pelo crescimento da paróquia.

Fica-nos o seu exemplo de dedicação e a certeza de que, agora junto de Deus, vai continuar a interceder pela comunidade que tanto amou.

Obrigado Pe. Abílio, por tudo o que fez por nós e pela nossa paróquia. Descanse em paz. Ámen.


Ju seguro:

Em relação ao Pe Abílio só posso dizer o melhor: era um pároco muito humilde, bondoso e afectuoso, se bem um tanto tímido para quem o não conhecesse bem.

Era igualmente uma pessoa culta, interessada pela sua paróquia e paroquianos; perspicaz, sabia só de olhar para nós como estávamos, e se julgasse que havia algo, logo nos procurava para nos animar, dar uma palavra de conforto e incentivo.

Tinha muita, mas mesmo muita amizade e estima por ele, e foi sem dúvida o avô que nunca tive a oportunidade de conhecer… Ainda me recordo de quando vinha das aulas ou do trabalho (nos meus primeiros anos), só para conversar com ele, fazer-lhe companhia, etc.

Penso ainda que quem não o conhecesse bem pudesse ter outra ideia, pois com a sua timidez e humildade era por vezes mal interpretado, e com o passar dos anos sentia que a paróquia que conduziu por tantos anos precisava de “sangue novo”, para a impulsionar e acompanhar os tempos modernos. Até nisso foi nobre, porque sabia reconhecer as suas fraquezas, tal como cada um de nós.

Acompanhou o nosso crescimento, os bons e maus momentos, e sempre esteve lá com a sua oração, com a sua palavra amiga, com o seu carinho ajudava quem precisava sem fazer alarido, sem querer sobressair, sempre discreto… até demais!

Nunca o esqueceremos! Bem haja Sr. Pe Abílio! Descanse em paz a sua alma!


Sandra Morgado:

Parece-me que o que mais nos marcou na presença, companhia e vivência com o Sr. Pe. Abílio foi a sua humildade e simplicidade. Eram, sem dúvida, das suas maiores qualidades. Apesar dos seus receios e preocupações acerca dos problemas da paróquia, nunca criou obstáculos a quem se propusesse tentar resolvê-los.


Teresa Travassos:

Quero redigir este texto numa visão menos pessoal, mais colectiva, e desta forma prestar, também, a minha homenagem às virtudes humanas do Padre Abílio.

Do pouco que convivi com o Padre Abílio, pude reter a sabedoria, a simpatia, a doçura.
E relembra-la, no sorriso saudoso dos irmãos, que lamentavam não o ter visitado, apesar de da casa sacerdotal dizerem, que era o sacerdote que recebia mais chamadas. Isto diz muito sobre uma comunidade.

Com esta doçura fui acolhida em S. Julião. E da minha experiencia nómada, de contextos tão diversos, surpreendi-me com a afabilidade e a generosidade destes meus (novos) irmãos. Hoje sei, que a afabilidade e generosidade da comunidade de S. Julião, são marcas legadas por este nobre pastor.

A mesma generosidade nos faz hoje, aceitar todos os desafios, e querer ir sempre mais longe.
Com o entusiasmo que partilhamos com o nosso novo pastor, e que nos torna imparáveis. São Julião soube acolher os seus pastores e receber o que de melhor tinham para dar. São Julião tem consciência da importância de um pastor.

Por isso, São Julião solidariza-se na necessidade de que todas as paróquias possam contar, da mesma forma, com um pastor.

Neste Ano Sacerdotal, a comunidade de S. Julião rezará fervorosamente, de coração franco, pelas vocações.


Manuela Ferreira:

O Santo Padre na abertura do ANO SACERDOTAL afirmou que "é espantoso ser padre" e que o Sacerdote "é a presença da infinita misericordia de Deus"entre nós.

Assim ,na semana em que ocorre,o 7º dia da partida do primeiro Pároco de S. Julião da Barra, para Casa do Pai e a poucos dias do inicio do Ano Sacerdotal, ocorre-me rezar, com as palavras do livro de BEN SIRA (29 a 31):

Teme ao SENHOR com toda a tua alma,
e venera os seus sacerdotes.
Ama com todas as tuas forças
Aquele que te criou.
e não abandones os Seus ministros.

Poucos conheceriam, a sua vasta cultura e as diversas funções Sacerdotais que exerceu! A simplicidade, a obediência crente na vontade de Deus a quem se consagrou no dia 6 de Julho de 1947, na vitalidade dos seus 25 anos (eu tinha apenas 20 meses).

Sintra tornou-se as suas origens, já que o seu Alentejo estava longínquo. Ao ter que passar a sua acção pastoral, para Paróquias de matriz urbana , tornou-se o seu refugiu para onde partia logo que as suas funções lhe permitiam.

Já com a Igreja construida,tal como "o bom pastor" estava lá sempre, no silêncio do seu gabinete, a ler, a rezar, enfim à nossa espera! Sempre que o visitávamos era esta a sensação que todos tinham.

Manifestava a sua alegria, sabia os nossos nomes, os nossos problemas (mesmo que não lhos contássemos), intuía, pela sua sensibilidade e pela observação, as nossas necessidades.

Na vida da minha família esteve implicado,na renovação de votos das nossas "bodas de prata" e nas de "ouro" dos meus pais e no Sacramento da Santa Unção da minha mãe.

Nunca se dirá tudo deste Sacerdote que sedimentou na oração e sacrificio a construção da Comunidade das "pedras vivas do templo do Senhor"

Ele ensinou a todos os que tinham pressa ,de mais acção, a confiar e a entregar tudo, com uma atitude expectante na Santíssima Trindade. Mas a oração no Espírito do "ontem" é que preparou o presente.

Agora que já se encontra, na vivência do louvour perene, rezo-lhe, pedindo perdão pela minha ingratidão e porque na rotina das nossas vidas não estive atenta e disponivel.

Rezemos mais pelos sacerdotes e aproveiremos a graça que hoje se nos oferece de o podermos fazer nos dias de adoração solene e em especial às quintas-feiras, dia da instituição da Eucaristia.


Dora Loureiro:

(...) Lembro-me de numa homília ter comentado que os livros da nossa Paróquia eram valiosos pois tinham anotações feitas a lápis pela mão do Padre Abílio, o que demonstrava que Ele se preparava com tempo. Para alguns de nós ficarão tantas coisas para lembrar… acompanhou a nossa infância, adolescência, namoro, casamento, filhos, baptismos, e algumas perdas de entes queridos.

Realmente é uma pessoa para recordar para o resto da nossa vida. Sempre pronto para ouvir, era uma pessoa que ouvia com o coração! E como ele gostava de ouvir, parecia que estava sempre à espera que lhe contássemos como tinha corrido, como tinha sido, o que tínhamos sentido e sempre na sua humildade tão característica dele, ouvia, comentava, aconselhava…

O que ele fez em S. Julião da Barra é impagável, nem sabia que ele já tinha estado em tantas Igrejas antes da nossa, parece que toda a vida esteve ali, embora eu ainda me lembre do Padre anterior mas já não recorde o nome. Quando me casei, o Padre Abílio foi um querido, pediu autorização especial no Lar Académico para que o meu casamento se celebrasse na Capela, foi o último casamento celebrado lá, a 30 de Setembro de 1990, é verdade, nessa altura já tínhamos a Igreja Nova e mesmo assim, hoje percebo, ele soube respeitar e satisfazer um capricho de uma jovem nubente (eheheh).


Lucília, Milú e Maurício:

Ainda a propósito do falecimento do nosso querido Pe. Abílio, gostei imenso dos “Testemunhos” da Ju e da Fernanda, porque o conheceram muito bem: “Era um pároco muito humilde, bondoso e afectuoso” e “a Catequese era a sua grande paixão”, efectivamente estas palavras, assentam perfeitamente no nosso saudoso Pároco.

Mas não se esgotava aí o seu múnus sacerdotal, era a Missa o seu ai Jesus.

No coro, se estávamos a ensaiar, não gostava nada que alguém nos viesse perturbar, porque dizia ”a Missa tem de ser adornada com o nosso melhor”. Durante a Missa se alguém, na assembeia, desafinava, fazia uns esgares de desaprovação muito característicos. Por nosso lado, sempre correspondíamos aos seus pedidos feitos com grande humildade, para cantarmos em mais uma missa, quando havia uma missa solene, pois cantávamos já em duas. Lembramo-nos, e disso temos muitas saudades, das suas homilias que apesar de serem sobre as mesmas leituras, eram sempre diferentes, simples, sábias, santas e eloquentes. E que bem nos faziam!

Por todo o bem que nos fez: obrigado Pe. Abílio e que Deus o compense como só Ele sabe e pode.


Herminia Ribeiro Nobre:

O Sr. Padre Abílio Terminou a sua estadia entre nós. Ele partiu! Levou consigo o bem que fez, mas deixou-nos uma grande lição e o bom exemplo de bem fazer. A ajuda que prestou aos mais necessitados, nunca pedia nada a ninguém, mas, quase por milagre, nunca negou auxilio a quem lho pedia.

Entre muitos casos de que tive conhecimento, vou citar apenas um: Estavam uns ucranianos acampados algures numas terras entre Oeiras e Carcavelos, que vieram para Portugal à procura de trabalho, mas não conseguiram, eram clandestinos, sem trabalho nem comida, um dia o meu marido encontrou um caído no chão junto do Centro Comercial do Alto da Barra, levantou-o socorreu-o, e ficou chocado quando o pobre lhe disse que há três dias que não comia nada. O meu marido foi com ele ao supermercado e comprou-lhe o que pôde para se alimentarem por algum tempo, mas isso não lhe ia resolver o problema do dia a dia. Então eu fui pedir ao Sr. Padre Abílio autorização para que aqueles “famintos estrangeiros” fossem todos dias comer ao nosso Centro de Dia, até conseguirem um trabalho, o saudoso Padre Abílio disse logo que sim, que podiam ir lá fazer as suas refeições o tempo que fosse necessário. Os referidos homens não chegaram a ser informados dessa possibilidade, porque entretanto partiram para lugar desconhecido. O Senhor Padre Abílio era assim mesmo, sempre pronto a ajudar.

Que Deus o receba na Sua glória.


Graciete:

Toda a frase é pequena p' ra conter
O que nos vai na alma em turbilhão
As palavras que temos p' ra dizer
Para poder formar uma oração.

Humilde e pacífico viveu de mansinho
Tinha um amigo em cada um de nós
Sempre a apontar-nos o caminho
Escutaremos sempre a sua voz

E foi que um dia assim
Ao ouvir-me em confissão
Se confessou também a mim
Que não podia dar-lhe a absolvição

Padre Abílio partiu foi para Deus
Nós ficamos repletos de saudade
Rendo-lhe uma homenagem, um adeus
P'ra sempre... até à eternidade.


O nosso testemunho:

Fizemos parte do segundo grupo de casais de Santa Maria formado nesta paróquia. O padre Abílio foi sempre o nosso assistente, tendo -nos propor­cionado momentos inesquecíveis.
A sua palavra firme e amiga traçou-nos muitas vezes o rumo certo nas horas incertas. Asua inteligência ajudou-nos a discernir sobre os caminhos de Deus tão distantes da nossa compreenção em momentos difíceis do casal ou do crescimento dos filhos.

A integridade e a verdade que nortearam a sua vida estiveram sempre presentes mesmo quando em grupo trocando confidências evidenciava o seu espírito crítico, sempre construtivo.

Homem inteligente, recto, sensível, sempre pronto a ajudar com palavras ou com gestos, os menos favorecidos.

Pena que a enorme simplicidade que tão desconcertantemente reconhecia, não deixasse por vezes brilhar a mente aberta que possuia.

Parafresiando S. Paulo podemos dizer: "combateu o bom combate, guardou a fé" (cf. 2 Tim 4,7).


Lizete:

Falo do Sr. Pe. Abílio com a nostalgia da perda do sacerdote, do amigo, do confessor, aquele que esteve sempre disponível para ouvir. E a disponibilidade, e não só a vontade e a entrega mas também o tempo numa agenda cada vez mais preenchida.

Fica a saudade e a admiração por um director espiritual: o sr. Pe. Abílio.

Obrigada!
.